- Me deseas?
- Si. Mucho.
Buenos Aires, 1h47. Plaza San Martín, esquina da calle Florida, só os táxis navegam pelo asfalto negro, irrompendo pelos reflexos nas poças d´água e pelas salvas de sons dos bares próximos.
- Me deseas?
- Si. Mucho. Pero no tiengo plata.
- Entonces?
- Entonces me voy, buenas noches.
- Ni 100 pesos?
- No.
- Ni 50?
- Ahn ahn.
- Entonces que haces aca?
- No hablo español.
- Português?
- Pode ser...
- O que você ta fazendo aqui, se não quer uns carinhos?
- Tô esperando parar de chover.
- Não tá chovendo.
- Você fala português muito bem.
- Sou chilena.
- Ah.
- Não tá chovendo.
- Não tinha percebido.
- Você não devia ficar parado, aí...
- Não tinha nada melhor pra fazer. Vou indo.
- Espera. Quer um cigarro?
- Quero. Gracias. Por que você faz isso?
- Isso de vender meus carinhos?
- É.
- Porque posso. Sou jovem e tem gente querendo pagar pelos meus carinhos.
- Pára de chamar isso de “meus carinhos”...
- Sou chilena.
- Entonces?
- Vale. Pero esto es lo que yo...
- Você é bonita. Não acha que está desperdiçando juventude, assim?
- Claro que não, jajaja! A juventude não é um valor, só um momento na vida. Não dá pra desperdiçar juventude, só dá pra viver ou não viver.
- Pode ser...
- Te lo juro!
- Yo te creo!
- Acabou o seu cigarro.
- É, brigado. Meu hotel é bem ali, vou indo.
- Espera! Não vai agora, tá chovendo...
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