À medida que se vive, a tristeza vai perdendo suas confortáveis tonalidades líricas, seu desconsolo glamouroso, sua profundidade inspiradora. Torna-se um amargo impaciente, uma irritação destrutiva, uma aridez inescapável. Uma úlcera - nada mais.
Ao deixar de alegremente sofrer as noites de Paris, Rimbaud fez da metáfora a vida e foi exilar-se da poesia no sol e no sal magrebino. Entendeu que a dor era surda às palavras que ejaculava, faminta de um silêncio que não reverberasse tanto.
Ao se derramar sobre a anima, a tristeza erode com tal fúria o verbo que não deixa, à sua passagem, o mais inexpressivo sinal gráfico, o mais inaudível suspiro. Tão brutal que se permite contemplar com indiferença do topo do mundo. E tão particular que abandona os soluços e gemidos, os clamores e estampidos, para ir se encostar, numa noite de terça-feira, no fundo ermo da minha geladeira.
Tuesday, September 16, 2008
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1 comment:
Aê!
O post é deprê, mas pelo menos você atualizou!
Desejo dias melhores, pra você e pro blog =)
Thiagones
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